quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Pobres Corpos Dóceis


E foi na tentativa de comprar um novo biquíni que me deparei com um assunto interessante discutido na universidade, os corpos dóceis.

Imagine você que o biquíni era daqueles de tiras laterais, mas como todo avião, tenho meus pneus, e como consumidora sensata, embora tenha gostado do produto, não o consumi, e foi aí que tudo começou...

A vendedora tentou me convencer de que eu deveria entrar numa academia para entrar naquele biquíni, indiretamente me chamou de preguiçosa e desocupada, mas é claro que eu disse que quem deveria ter outros modelos de produto era ela e não que eu devesse me adaptar ao que ela tinha para vender.

E ainda complementei dizendo: Nunca ter ouvido dizer que ter um corpo perfeito seria garantia de uma vida bem sucedida, e nem de pura saúde, uma vez que conheço pessoas acima do peso que são mais saudáveis do que muitos magrinhos que estão cheios de colesterol e doenças, lembrando que nem toda pessoa bonita de corpo é necessariamente inteligente, infelizmente. Quantos homens e mulheres, aparentemente bonitos, porém fúteis, encontrei pela vida?

Lamento como cidadã a existência de pessoas que são capazes de valorizarem apenas o tipo físico de alguém, o que deveria me alegrar como publicitária, já que estas pessoas vão comprar o produto que muitas vezes não necessitam, contribuindo assim, com o sistema capitalista em qual fazemos parte, e não foi desenvolvido por mim, juro que quando aqui cheguei as coisas já estavam assim.

Tanto tempo faz que o filosofo e historiador francês Michel Foucautl, no livro Vigiar e Punir, em 1975, observou a maneira como o individuo, naquela época, já lidava com o próprio corpo, analise muito atual que chamou de “corpos dóceis” , ou seja, corpos que se submetem às regras e normas sociais.

Não que cuidar do corpo seja algo negativo, mas ser escravo deste, não deveria ser algo comum, estamos cansados de ver receitas de dietas milagrosas em capas de revistas, corpos publicitários explorados nestas capas como exemplos a serem seguidos.

O que deve ser visto com certo cuidado, pois dependendo da pessoa, caso não tenha uma mentalidade muito boa, pode acabar virando uma escrava da beleza, e o pior, esquecer-se de cuidar dos outros aspectos que tornam uma pessoa admirável, sim, pois parece que os valores mudaram hoje o mais importante é ser “bonito” e não ter bom caráter, uma vez que beleza é algo muito relativo, cá entre nós, tanta gente feia nas capas de revistas, né? (risos)

Mas tudo bem...

Cuidar do corpo não é e nunca foi pecado, mas perigoso é viver só disso e esquecer-se de fatores relevantes que faz o ser humano ser quem é, cuidar do corpo para se sentir aceito por uma sociedade e não por fazer bem a saúde, isto sim é perigoso, afinal, temos que estar de bem com nós mesmos e não com o outro, uma vez que o outro nunca achará que estamos 100% perfeitas para ele, como se este também estivesse, ainda mais se for uma pessoa como a vendedora aqui mencionada, por outro lado fico feliz em saber que ainda há seres pensantes neste mundo, e o melhor de tudo é saber que não estão tão distantes de mim, como minhas amigas inteligentes que sabem como de fato as coisas devem funcionar, que os produtos devem se adaptar ao consumidor e não nós, consumidores, a eles, os infinitos produtos, como Rhaylla Tarja e Lisiane Alves, que são felizes como são e não se permitem tamanha alucinação. E como tantas outras amigas que conheço e deixariam o texto tão grande, não que vocês não mereçam ser mencionadas, mas gosto muito mais quando vocês fazem as menções.

Tenha você ou não pneu, o importante é que esteja feliz consigo mesmo, e caso não esteja, lembre-se que só você poderá fazer o melhor para alcançar tamanha felicidade, ir à busca da mudança por necessidade própria, e não para seguir padrão estabelecido pela mídia, isso não te fará mais ou menos rico.

Deixarei aqui um link de vídeo para que vocês assistam, confesso que tentei postar aqui várias vezes, mas não sei a razão de não ter consiguido, quem puder, por favor veja, Salão de Beleza do Zeca Baleiro, acredito que muitos já conheçam:


http://www.youtube.com/watch?v=iEVXcDt6vto


Mas e você, o que pensa sobre os corpos dóceis?

3 comentários:

  1. Companheira Juliana sou um admirador de seus pensamentos, isso é sabido!
    De fato com toda nossa cultura trazida de fora e assim tida por melhor _ sempre... Então em pleno século XXI passamos por situações vexatórias de idolatração do banal, de seguir o que por mais dolorido seja _ mas está na moda e todos usam, ai também vem a pequinês destas pessoas que não constroem suas identidades, mas deixam que a mídia e afins a faça. Não sou especialista de nada, mas com minha caminhada de vida, em tantas sociedades as chamo de fúteis, provincianas... Que não aprendem como mesmo falar saber o feliz desse mundo aqui, de vida tão curta! E como dica façam aquilo que as dêem prazer, que @s constroem um ser superior... não é preciso ter poderes e voar_ Basta seguir os caminhos dos próprios desejos!

    Alciram Duarte

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  2. Ju, parabéns! mais uma vez um post super sábio e interessante. Pulando os elogios, Eu como uma consumidora assidua e uma amante da moda (confesso hehe)sempre tenho algumas regras comigo quando vou comprar algo ou seguir uma tendencia, e uma das máximas é a simples questão 'o que ME favorece?','o que ME faz bem', 'o que estar de acordo com MINHAS verdades'. me surpeendo cada vez mais com a 'coragem' de algumas pessoas como essa vendedora por exemplo achar que a sua 'verdade' sobre beleza e modo de vida é a correta e se aplica a todo mundo, esse conceito a cada dia que passa se mostra cada vez mais falho e falido, espero que daqui a alguns anos a sociedade de modo geral "reaprenda" a consumir um produto e não deixar se consumir por ele, e quanto a nós publicitários tenhamos total compentência para lidar com essa nova consciência.

    Rhaylla Tajra

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  3. Eu acho que precisa apenas de um bom censo!

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