segunda-feira, 11 de julho de 2011

A saúde na mídia





Em agosto de 2009, participei de um seminário intitulado A Promoção da Saúde Pelas Ondas do Rádio, organizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o objetivo do evento era discutir sobre o papel do rádio em propagandas sobre medicamentos e como a comunicação pode ser uma aliada na promoção da saúde.

Os brasileiros se automedicam, ou seja, consomem medicamento sem prescrição médica. A ANVISA defende que propaganda de medicamentos deve ser realizada apenas para os remédios sem tarja preta, os que não precisam de prescrição médica, evitando complicações na saúde de quem os utiliza, ainda mais se tratando do público leigo, já que lamentavelmente, vinte e três pessoas se intoxicam, por minuto, no Brasil, a melhor opção diante esta realidade, é trabalhar para o Uso Racional de Medicamentos.

Para atingir este objetivo, o órgão defende que nas propagandas de medicamentos não devem:

- induzir ao consumo;

- não deve estimular a compra;

- não deve sugerir; e

- não deve conter características de sabor.

Os produtos divulgados devem ser regularizados pela ANVISA, e os anúncios devem seguir uma padronização de cores, fontes, textos, locução...

A Vigilância Sanitária, em parceria com dezoito faculdades e alunos, fiscalizam propagandas que possam ser prejudicial à saúde, combatendo assim o uso de medicamentos indevidos.

Recordo-me de um exemplo citado por um dos palestrantes sobre o encarte de uma drogaria, além de ter medicamentos e produtos de higiene sendo divulgados, também encontrávamos promoções de bebidas alcoólicas. A pergunta é: O que faz uma farmácia vender bebidas alcoólicas?

Esta sim deveria ser a discussão principal, embora saibamos a resposta, lucro, lucro e lucro, somente isso, mas estavam condenando a publicidade, pelo fato de uma agência de publicidade ter produzido aquela peça, todos envolvidos na produção do encarte eram os culpados, acho que até a gráfica que fez a impressão do material.

Como publicitária, preciso dizer que as coisas não são tão simples assim como parecem, pois há muitas agências que produzem peças e que nem sempre concordam com a proposta do cliente, diferente do que imaginam, os profissionais envolvidos dão sim seus palpites e argumentam, mas nem sempre é aceito pelo cliente, no caso o empresário dono da farmácia, já vi peças publicitárias sem assinatura da agência, o que pode ser exatamente uma maneira delas se manifestarem contra a propaganda veiculada. De acordo com a filosofia de muitas empresas, “O cliente sempre tem razão”, e na publicidade não e diferente. Em todas as profissões é comum encontrarmos profissionais que ajam contra seus princípios para beneficiar e não perder um cliente se há uma empresa que não aceita, outra abrirá exceção.

Sou à favor de todas as manifestações para reeducar a população, mas acredito que esta discussão em especial, precisava da presença de outros profissionais responsáveis por fazer uma mudança maior pela causa do que somente publicitários, este tema deve ser discutido pela sociedade com a contribuição do governo, sim, pois se trata de um assunto de saúde pública e não somente de induzir o consumo.

Deixarei aqui um curta muito interessante mostrado por uma comunicadora que participou da discussão, a mesma fechou muito bem o evento dizendo: “Só consome quem permite ser persuadido.” O curta, A Alma do Negócio, de Jose Roberto Torero, retrata os benefícios e malefícios que os produtos trazem na vida das pessoas.

E você, o que pensa sobre a Saúde na Mídia?