terça-feira, 23 de agosto de 2011

Aí vem o Chaves, Chaves, Chaves, Todos atentos olhando pra TV


O tema de hoje faz-se presente na vida de milhares de brasileiros há anos. Fez parte da infância de muito e se estende na fase adulta. E foi nesta segunda fase, assistindo ao programa do Chaves com minha irmã, Daniela, que a mesma me perguntou: “Você já parou para analisar o Chaves de maneira critica?” E lá fomos nós comentar sobre seus personagens... O mais engraçado disso, é que a discussão não se limitou somente a nós duas, eu a levei para a outra irmã, Andréia, que também deu sua contribuição. E assim, em família, chegamos à seguinte conclusão, e queremos dividi-la com você, leitor.

Analisaremos os principais personagens:

Chaves – um garoto de oito anos de idade, pobre, não tem pais ou familiares, mora sozinho dentro de um barril, esfomeado, burro e faz qualquer coisa por um sanduiche de presunto;

Seu Madruga – pai solteiro, sua esposa morreu no parto, ao dar a luz a filha Chiquinha, homem simples, sem estudos, pois os deixou em busca de trabalho para sobreviver, atualmente é entregue a preguiça, às vezes apanha injustamente da vizinha;

Quico – tem nove anos de idade, mora apenas com a mãe, Dona Florinda, seu pai era comandante da Marinha e foi devorado por um tubarão em alto mar, garoto dotado de pouca inteligência, porém o mais rico da vila, é o que mais tem brinquedos e é super protegido pela mãe;

Chiquinha – garota de sete anos de idade, não é muito boa com os estudos, porém muito esperta, ganha todos com seu jeitinho e boa lábia, filha única, mimada, bagunceira e sem limites;

Dona Florinda – mulher madura, viúva, orgulhosa, reclama de tudo e de todos, defende seu filho com garras e dentes, vive de aparências, é a vizinha que melhor vive financeiramente na vila, porém suas finanças não estejam tão bem assim;

Professor Jirafales – o grande mestre da escola pública onde as crianças estudam, e são elas que dão muito trabalho para o professor, embora ele goste muito de ensinar, a bagunça da turma o tira do sério, sonhador, romântico e um pouco durão;

Sr. Barriga – dono da vila, amigo, simpático, generoso, sempre que pode leva o menino Chaves a passeios, mesmo com Seu Madruga devendo quatorze meses de aluguel, o proprietário da vila não tem coragem de despejá-lo com a filha;

Dona Clotilde – amiga de todos na vila, generosa, um pouco fofoqueira, apaixonada pelo Seu Madruga e alvo de brincadeira das crianças, que a nomeiam de Bruxa do 71;

Nhonho – garoto rico, mais do que o Quico, generoso, desde que não tenha de dividir nenhum tipo de comida, não leva desaforo pra casa, sabendo se defender muito bem das brincadeiras dos amigos.

Esse é o nome original do seriado Chaves, que aqui no Brasil, conhecemos há mais de 20 anos... É a história de um menino de 08 anos, pobre, que vive abandonado e mora num barril, e praticamente vive de “doações” dos vizinhos, convivendo num cortiço pobre.

As situações hilárias que vemos e rimos todos os dias, nos mostra que não nos chocamos com a pobreza e a vida sofrida do personagem principal. Aliás, isso vem desde os anos 70, época que se passa o seriado, e desde lá as pessoas estão assistindo e se “acostumando” com essa realidade.

Cortiços cheios, situações tristes, como a do Seu Madruga, um viúvo que cria sozinho a sua filha, e deve 14 meses de aluguel... E meio preguiçoso, não arruma trabalho, mas tem bom coração... É dele a celebre frase “As pessoas boas devem amar seus inimigos”, quem não lembra disso? E assim vamos nos adaptando...Os pobres devem ser bons, também.

É complicado, pois a realidade latina é essa, a divisão escancaradamente desigual. E o fato mais surpreendente é esse seriado fazer tanto sucesso sem glamour, sem belezas, com muitas situações precárias, violentas (quase sempre) com as crianças, desrespeito aos mais velhos, discriminação com o feio, o gordo, o menos inteligente... Já parou pra se perguntar o porque gostamos tanto do Chaves? Será que nos acostumamos mesmo com toda a miséria mostrada? Ou será que é um consolo saber que lá é como cá...? Bem, essas respostas, não temos, mas sem negar que é muito engraçado e rimos sempre com as situações, personagens e pelo menos uma vez, nos compadecemos da criança, pobre e abandonada...


E você, já tinha parado para refletir desta maneira sobre o seriado Chaves?

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Cracolândia

O tema de hoje não é dos mais agradáveis, confesso que a necessidade ao me expressar sobre, surgiu do momento que vi um ambiente nada comum, passando de ônibus por um local nada bonito, vendo pessoas em situações desumanas, sem moradia, sem condições mínimas de higiene, sem alimentação, sem cobertores em noites frias e chuvosas... A única coisa que os vi fazendo, era se drogar, e nas primeiras horas da manhã, raramente vi alguém ali tomando café, estou falando da Cracolândia, em São Paulo, um dos locais mais famosos do Brasil, e não é por causa de belezas arquitetônicas , e sim, por causa das drogas que prevalecem ali.

Aquelas pessoas nas ruas da cidade, não incomodam só a mim, mas o incômodo pode ser visto de diversas maneiras, particularmente, acredito que nenhum daqueles moradores de rua deseja, de fato, estar ali, imagino que cada um deles tenha um motivo para viver naquela condição, por mais que tenha sido provocado por eles ou não, trata-se de pessoas doentes, que merecem cuidados e atenção, talvez, mais do que nós, que estamos lendo agora.

Certo dia, dentro do ônibus, enquanto passávamos por lá, uma senhora, sentada ao meu lado disse:

Ela: “Veja só, até onde o ser humano chega.”

Eu: “É verdade, e ninguém faz nada para que isso mude.”

Ela: “E você quer que tirem dinheiro da nossa saúde pra cuidar dessas pessoas?”

Eu: “Que saúde? Nós nem temos uma saúde de qualidade?”

Ela: “É verdade...”

Eu: “Todos os governantes sabem o que acontece nesta região, e não fazem nada porque não querem.”

Ela: “Mas não tem dinheiro pra isso.”

Eu: “Ah, tem... Basta querer fazer. Se há dinheiro para eles “roubarem da gente”, como não teria para cuidar dessas pessoas? O que não tem é uma boa administração para o uso do dinheiro público.”

Ela: “É verdade.”

Depois de muito observar aquele “universo”, de ouvir comentários, soube que o programa A Liga, da TV Bandeirantes, falou sobre o Crack em uma de suas edições, e assistindo ao episódio pude entender um pouco melhor sobre o que acontece com aquelas pessoas, muitas das minhas indagações tiveram respostas.

O crack é uma das drogas mais viciantes; barata; consegue diminuir a fome, o sono e o frio; a mesma provoca 90% de dependência. Seus efeitos são fortes, por tratar-se de um entorpecente potente, leva oito segundos para chegar à mente, sua durabilidade é rápida, cerca de cinco minutos, por este motivo os usuários nunca ficam satisfeitos com uma pedra, quando o uso é constante, a pessoa sente-se perseguida, ficando paranóica. De cada dez dependentes, só dois conseguem deixar de usá-la. As consequências para o usuário são: Problemas Sociais; e em casos de usos constantes: danos ao cérebro; lesão nos pulmões; lesão nos rins, problemas cardiovasculares, degeneração dos músculos esqueléticos e estas condições podem levar a morte.

A dificuldade com as drogas deve ser considerada um problema de saúde pública, e não individualizada, como costuma ser tratada, os dependentes químicos precisam de auxilio social e psicológico especializado.

Ao assistir o programa A Liga, pude entender melhor como vivem essas pessoas, perceber o porquê eles não sentiam o mesmo frio que eu em dias chuvosos, ter a certeza de que eles gostariam de ter uma vida bem diferente do que as que levam. Deixarei aqui, uma parte, em vídeo, do episódio, assistam se puderem e quiserem compreender um pouco mais sobre o assunto, têm depoimentos interessantes de quem utiliza o crack e de quem já conseguiu deixá-lo.

E você, o que pensa sobre o crack?