O tema de hoje faz-se presente na vida de milhares de brasileiros há anos. Fez parte da infância de muito e se estende na fase adulta. E foi nesta segunda fase, assistindo ao programa do Chaves com minha irmã, Daniela, que a mesma me perguntou: “Você já parou para analisar o Chaves de maneira critica?” E lá fomos nós comentar sobre seus personagens... O mais engraçado disso, é que a discussão não se limitou somente a nós duas, eu a levei para a outra irmã, Andréia, que também deu sua contribuição. E assim, em família, chegamos à seguinte conclusão, e queremos dividi-la com você, leitor.
Analisaremos os principais personagens:
Chaves – um garoto de oito anos de idade, pobre, não tem pais ou familiares, mora sozinho dentro de um barril, esfomeado, burro e faz qualquer coisa por um sanduiche de presunto;
Seu Madruga – pai solteiro, sua esposa morreu no parto, ao dar a luz a filha Chiquinha, homem simples, sem estudos, pois os deixou em busca de trabalho para sobreviver, atualmente é entregue a preguiça, às vezes apanha injustamente da vizinha;
Quico – tem nove anos de idade, mora apenas com a mãe, Dona Florinda, seu pai era comandante da Marinha e foi devorado por um tubarão em alto mar, garoto dotado de pouca inteligência, porém o mais rico da vila, é o que mais tem brinquedos e é super protegido pela mãe;
Chiquinha – garota de sete anos de idade, não é muito boa com os estudos, porém muito esperta, ganha todos com seu jeitinho e boa lábia, filha única, mimada, bagunceira e sem limites;
Dona Florinda – mulher madura, viúva, orgulhosa, reclama de tudo e de todos, defende seu filho com garras e dentes, vive de aparências, é a vizinha que melhor vive financeiramente na vila, porém suas finanças não estejam tão bem assim;
Professor Jirafales – o grande mestre da escola pública onde as crianças estudam, e são elas que dão muito trabalho para o professor, embora ele goste muito de ensinar, a bagunça da turma o tira do sério, sonhador, romântico e um pouco durão;
Sr. Barriga – dono da vila, amigo, simpático, generoso, sempre que pode leva o menino Chaves a passeios, mesmo com Seu Madruga devendo quatorze meses de aluguel, o proprietário da vila não tem coragem de despejá-lo com a filha;
Dona Clotilde – amiga de todos na vila, generosa, um pouco fofoqueira, apaixonada pelo Seu Madruga e alvo de brincadeira das crianças, que a nomeiam de Bruxa do 71;
Nhonho – garoto rico, mais do que o Quico, generoso, desde que não tenha de dividir nenhum tipo de comida, não leva desaforo pra casa, sabendo se defender muito bem das brincadeiras dos amigos.
Esse é o nome original do seriado Chaves, que aqui no Brasil, conhecemos há mais de 20 anos... É a história de um menino de 08 anos, pobre, que vive abandonado e mora num barril, e praticamente vive de “doações” dos vizinhos, convivendo num cortiço pobre.
As situações hilárias que vemos e rimos todos os dias, nos mostra que não nos chocamos com a pobreza e a vida sofrida do personagem principal. Aliás, isso vem desde os anos 70, época que se passa o seriado, e desde lá as pessoas estão assistindo e se “acostumando” com essa realidade.
Cortiços cheios, situações tristes, como a do Seu Madruga, um viúvo que cria sozinho a sua filha, e deve 14 meses de aluguel... E meio preguiçoso, não arruma trabalho, mas tem bom coração... É dele a celebre frase “As pessoas boas devem amar seus inimigos”, quem não lembra disso? E assim vamos nos adaptando...Os pobres devem ser bons, também.
É complicado, pois a realidade latina é essa, a divisão escancaradamente desigual. E o fato mais surpreendente é esse seriado fazer tanto sucesso sem glamour, sem belezas, com muitas situações precárias, violentas (quase sempre) com as crianças, desrespeito aos mais velhos, discriminação com o feio, o gordo, o menos inteligente... Já parou pra se perguntar o porque gostamos tanto do Chaves? Será que nos acostumamos mesmo com toda a miséria mostrada? Ou será que é um consolo saber que lá é como cá...? Bem, essas respostas, não temos, mas sem negar que é muito engraçado e rimos sempre com as situações, personagens e pelo menos uma vez, nos compadecemos da criança, pobre e abandonada...
E você, já tinha parado para refletir desta maneira sobre o seriado Chaves?
Alguma vez eu já parei para pensar criticamente sobre Chaves, e é bem isso que vc comentou, um monte de clichês sobre a vida dos pobres e a gente simplesmente adora, deve ser pq nos identificamos com o que é mostrado e, claro uma grande satisfação de saber que lá é como aqui, sem dúvida!!!
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